Hoje, 10 de agosto, celebra-se o Dia Mundial da Superdotação, uma data que convida à reflexão sobre as necessidades, os desafios e as particularidades das pessoas com habilidades intelectuais acima da média. Essa celebração é uma oportunidade para destacar a importância de apoiar e compreender as trajetórias dos superdotados em uma sociedade que muitas vezes não está preparada para acolhê-los plenamente.
O Dr. Fabiano de Abreu Agrela, uma referência internacional na área, com pós-doutorado em neurociências e diagnosticado com superdotação em mais de seis testes de QI, aproveitou a data para compartilhar uma mensagem significativa em suas redes sociais. Ele é também presidente da ISI Society, uma sociedade dedicada a pessoas com superdotação profunda, e tem se dedicado a desmistificar e iluminar as nuances desse fenômeno. Em sua postagem, Dr. Fabiano escreveu:
“Caro colega superdotado,
Superdotação seria uma neurodivergência? Sob a ótica de um neurodesenvolvimento que foge ao padrão comum, talvez, mas existe de fato um padrão exato no neurodesenvolvimento?
Precisamos de suporte ou sabemos fazer as melhores escolhas? Sofremos mais que a maioria das pessoas ou por causa da maioria das pessoas?
A dupla excepcionalidade, sem dúvida, pode requerer suporte e apoio. Mas a superdotação, sem a dupla excepcionalidade, realmente precisa disso? Acredito que fazemos as melhores escolhas dentro do nosso panorama, e apenas nos isolamos porque nossa lógica dinâmica não se alinha à conformidade dos padrões estabelecidos.”
A mensagem do Dr. Fabiano desafia a percepção convencional sobre a superdotação e provoca uma reflexão profunda sobre a natureza do neurodesenvolvimento. Ele questiona se a superdotação deveria ser considerada uma neurodivergência, e sugere que, apesar de muitas vezes ser vista como tal, não há um padrão único que defina o neurodesenvolvimento.
Além disso, ele levanta questões cruciais sobre a necessidade de suporte para pessoas superdotadas, especialmente aquelas que não apresentam dupla excepcionalidade – condição na qual a superdotação coexiste com outro diagnóstico, como o autismo ou TDAH. Dr. Fabiano argumenta que, na ausência de dupla excepcionalidade, os superdotados muitas vezes são capazes de fazer escolhas acertadas por conta própria, mas acabam se isolando devido à falta de conformidade com os padrões de pensamento comuns.
O Dia Mundial da Superdotação serve, portanto, como um lembrete da necessidade de criar ambientes que não apenas acolham, mas também compreendam e respeitem as particularidades dos superdotados. Ao celebrar essa data, somos convidados a reconhecer que a superdotação não é uma condição que requer necessariamente apoio especial, mas sim um conjunto de habilidades que, se devidamente compreendidas e respeitadas, pode contribuir de maneira significativa para a sociedade.
Em última análise, a mensagem do Dr. Fabiano reforça a ideia de que, embora o caminho dos superdotados possa ser solitário em alguns momentos, ele é pavimentado com escolhas que refletem uma lógica e um raciocínio que, embora possam parecer incomuns, são igualmente valiosos e merecem ser respeitados e celebrados.
