Na última quarta-feira (15), os alunos Rafael Cauê, João Victor, Cauê Lucas e Libiny, juntamente com a Professora Dra. Adriana Martins (UFAC) , orientadora do Projeto de Iniciação Científica intitulado “O processo de Implementação da Lei 13.415/2017 nas escolas urbanas de Ensino Médio de Cruzeiro do Sul, Acre e seus efeitos na prática pedagógica docente”, uniram-se ao movimento nacional pela revogação do “Novo” Ensino Médio, organizando uma manifestação junto aos acadêmicos e servidores do Campus Floresta.
O Novo Ensino Médio (NEM) vem sendo alvo de críticas da comunidade escolar e acadêmica de todo Brasil, desde de 2017, período em que foi sancionada a Lei 13.415 que reforma o Ensino Médio, durante o governo de Michel Temer.
No sentido de esclarecer e conscientizar toda a comunidade acadêmica do Campus Floresta acerca dos efeitos nefastos dessa contrarreforma para a formação da juventude e do trabalho docente, a orientadora e seus alunos resolveram aderir ao movimento que aconteceu em 21 estados brasileiros. A flexibilização curricular ocorrida nesta reforma, com a promessa de atender aos anseios e necessidades dos estudantes através da escolha dos itinerários formativos, na prática, retiram-lhes conhecimentos científicos essenciais à sua formação de caráter integral.

Assim, a drástica redução da carga horária das disciplinas e a exclusão do caráter de obrigatoriedade de algumas delas, bem como a dificuldade de oferta de todos os itinerários formativos pelas escolas e o aumento da desigualdade entre a educação pública e privada são, entre outras, as grandes consequências desta reforma, ferindo com isso o direito à Educação Básica, previsto na Constituição Federal.
“Disciplinas como Filosofia e Sociologia além de perderem seu caráter de disciplinas obrigatórias, tiveram também sua carga horária reduzida, retirando da juventude brasileira o acesso a conhecimentos essenciais para a formação crítica. O que está acontecendo é que os estudantes não estão podendo escolher o itinerário, as escolas brasileiras não têm condições para ofertar os cinco Itinerários Formativos”, explicou a Doutora. “Além dos problemas já citados, a pesquisadora explica que outro grande problema é a sobrecarga do trabalho docente o que reflete na má qualidade do ensino”, disse.
Rafael Cauê, acadêmico do 6° Período de Pedagogia, é um dos pesquisadores que aderiram à mobilização. Para ele, ainda precisa ser desenvolvida essa cultura de manifestação dentro da Universidade Federal do Acre, em especial no Campus Floresta. “Esse movimento precisa ser intensificado. Hoje viemos com essa proposta de diálogo, exposição de cartazes, para que possamos ao discutir com os alunos, professores e funcionários sobre essa reforma, expandir os horizontes e trazer esse ato de revolução. Precisamos de uma reforma sim, mas essa tem que ser pautada em pesquisas de pós-graduação, iniciações científicas, diálogos com os sujeitos que estão há anos pesquisando o campo educacional. Partir das classes que serão afetadas por essas novas propostas e pautado nessa concepção de reforma que pedimos a revogação do NEM. Queremos um Ensino Médio que tenha a cara da população que ele atende, que em sua grande maioria são das escolas públicas ( 94% das matrículas) no Ensino Médio no Acre. Esse Ensino Médio tem que atender as necessidades dessa classe, a classe popular”, disse o pesquisador.
Cauê Lucas, pesquisador do programa de iniciação científica e acadêmico do 6° Período de Pedagogia, falou a respeito do Projeto de Vida. “O “Projeto de Vida” se insere no currículo educacional como uma disciplina obrigatória como Português e Matemática, e o “Projeto de Vida” é uma disciplina que segundo as pesquisas, a própria análise realizada na tese de doutorado da Profª Adriana, salienta que este se configura como a psicologização dos problemas sociais, responsabilizando os indivíduos pelos sucessos e fracassos. Palavras como empreendedorismo, resiliência, adaptação, inteligência emocional, são bastante frequentes no ensino desta disciplina cujo material já é entregue pronto aos professores, sendo elaborado inclusive, por instituições privadas. Percebe-se, com isso, a infiltração de ideias neoliberais na educação, evocando novamente o conceito ultrapassado de meritocracia, precarizando o ensino público, despolitizando, de fato, o pensamento crítico dos sujeitos”, avalia.