Cruzeiro do Sul, Acre, 5 de novembro de 2025 21:41

Acadêmicos dos cursos de Psicologia, Direito e Arquitetura e Urbanismo da Uninorte desenvolvem projeto de valorização dos povos indígenas

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Acadêmicos dos cursos de Psicologia, Direito e Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Uninorte desenvolvem um projeto com povos originários que oferece uma ação comunitária que busca ajudar, dar visibilidade e apoio aos povos originários, que têm sua população muito afetada nos dias atuais.

O grupo de acadêmicos é formado por 20 integrantes, que escolheram dar suporte aos indígenas por conta do crescimento das massas globais e do esquecimento de uma cultura tão rica. A ajuda vem com a doação de alimentos ricos e naturais, roupas longas, visibilidade e apoio, pois, nos tempos em que vivemos, os povos tradicionais estão sendo deixados de lado.

Cultura indígena é rica de muita arte

A ação social ofertada pelos cursos veio com a proposta de beneficiar uma demanda de populações indígenas carentes e esquecidas. Como dito nas palestras, na área de ensino “Extensão”, os povos tradicionais nunca foram escolhidos para serem trabalhados no projeto comunitário, até mesmo pelos demais alunos da Uninorte.

A avaliação do grupo de acadêmicos da Uninorte é que os indígenas estão sendo esquecidos pelos alunos de outras áreas, o que só comprova ainda mais o preconceito e a negligência enraizados na sociedade e em órgãos públicos, que precisam ser superados com a valorização dos povos originários.

O acadêmico Luís Lopes destaca a falta de recursos nas comunidades visitadas, sendo a primeira delas o Centro Yusa Kuru Txanaya, que tem um ambiente agradável e acolhedor. Na conversa com moradores do local, foi constatado que a falta de infraestrutura e atenção faz com que a cultura esteja sendo julgada e desrespeitada pelas pessoas.

Comentários agressivos como “fedorentos”, “preguiçosos” e “folgados” são ditos frequentemente quando os indígenas vão à cidade. O relato de abandono do governo também é muito grande. Eles já procuraram ajuda, mas nunca tiveram retorno. “Eles trabalham com artesanatos, cujo material é muito escasso e, muitas vezes, deixam de produzir pela falta de matéria-prima”, disse.

A segunda visita do grupo de acadêmicos foi feita na associação Centro Huwa Karu Yuxibu, que foi apresentada pelo guia Leonardo Dantas. Ele lamentou as diversas queimadas, a falta de água potável e o desmatamento que ocorre no local e os estudantes constataram que várias áreas estavam sendo queimadas.

Artesanato mostra o potencial da cultura indígena

Outras constatações, na conversa com os povos indígenas, mostram que eles só são lembrados no dia 19 de abril, Dia do Índio. A valorização proposta é crucial para mostrar a verdadeira realidade de muitas aldeias espalhadas pelos municípios do Estado do Acre, para que se possa salvar e preservar a nossa grande e linda floresta, afirma Luís.

Acadêmico do curso de Psicologia, Luis

Gabriel Mattia enfatiza que, no decorrer das visitas, os relatos ouvidos revelaram grandes desafios próprios de cada comunidade, que envolvem, entre outros, a preservação de tradições entre as gerações mais novas, insegurança habitacional, acesso à saúde e à água encanada, além da intolerância religiosa e da adaptação ao ambiente urbano.

Gabriel, acadêmico do curso de Direito, da Uninorte

“Apesar disso, os povos originários persistem com enorme riqueza étnico-cultural, tendo sido por vezes citado o papel de suas línguas, músicas e cerimônias na manutenção de sua identidade. Um ponto que achei interessante na visita foram os medicamentos da floresta: o rapé, o cipó e a ayahuasca”, enfatiza ao avaliar a realidade.

Medicamentos da floresta, rapé, o cipó e a ayahuasca, tem forte presença na cultura indígena

“Essas ervas naturais são vistas de forma preconceituosa pela população, que usa o termo ‘drogas’ para se referir ao medicamento. Portanto, as verdadeiras ‘drogas’ são os aparelhos digitais, que deixam o mundo ansioso e que não buscam conhecer a cultura e a diversidade das aldeias”, ressalta o acadêmico.

Talento musical é outra marca da cultura indígena

Conexão com a natureza e o Superior é cultuada pelos povos indígenas