Cruzeiro do Sul, Acre, 26 de abril de 2025 14:46

Amazonas é o Estado brasileiro com mais mortes de Jornalistas durante a pandemia da Covid-19

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A pesquisa foi idealizada pelo jornalista e pesquisador Rômulo D’Castro, que atualmente atua na região do Xingu, no interior do Pará

O Amazonas é o Estado Brasileiro em que mais jornalistas morreram durante o período da pandemia de Covid-19. Isso é o que afirma um estudo publicado na Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento, em que aponta que 14 profissionais da comunicação acabaram falecendo entre o período de abril de 2021 até o mesmo mês do ano seguinte.

Como ao todo foram registrados 93 óbitos de profissionais do jornalismo em todo o Brasil, o Amazonas aparece com 13,02% das mortes. Outro Estado que apresenta os mesmos números é São Paulo, no entanto, proporcionalmente o Amazonas aparece como o primeiro colocado no número de mortes.

A pesquisa foi idealizada pelo jornalista e pesquisador Rômulo D’Castro, que atualmente atua na região do Xingu, no interior do Pará. Segundo ele, a ideia de ser fazer um estudo como esse teve como mote inicial enfatizar a quão necessária é a profissão de jornalista, bem como os perigos que ela possui.

“Essa ideia surgiu quando eu percebi que nós tínhamos informações sobre N profissionais mortos em N setores, e nós não estávamos sendo vistos enquanto seres humanos. Reportávamos as informações, falávamos sobre o cenário caótico, mas não estávamos nós vendo, e quando ocorreu a morte de dois jornalistas em Manaus acabei tendo esse estalo”, relata o jornalista.

Segundo ele, a pesquisa levou cerca de um ano para ser produzida, isso por conta da escassez de informações sobre jornalistas mortos nesse período. O estudo teve como base informações disponibilizadas pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Amazonas (SJP-AM), Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Pará (SINJOR-PA) e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ). Os parâmetros selecionados na coleta dos dados foram: gênero, idade, local de atuação (capital/interior) e estado.

De acordo com a pesquisa, os dados no estado do Amazonas apontam que apenas um profissional de jornalismo (7,2%) morto por Covid-19 era do interior, enquanto que os demais (92,8%) atuavam na capital. Também foi possível apontar a idade dos profissionais de imprensa que perderam a vida para a Covid-19, sendo que no Estado do Norte, 14 mortes analisadas no período da pesquisa, 12 (85,71%) tinham menos de 60 anos, ou seja, não pertenciam ao grupo de risco por idade.

Segundo a Fenaj, os jornalistas vítimas da Covid-19 que vieram a óbito no Amazonas são: Roberto Augusto dos Santos (61), Eledilson Colares (57), Altair Costa (54), José Honório Garcia Rocha (56), Ulysses Paulo de Athayde Marcondes (46), Agnaldo Oliveira (44), Izinha Toscano (31), Francis Batista de Carvalho (49), Israel Pinheiro (38), Ali Jesini (77), Adamor Santana Liberal de Jesus, Marcelo Bennesby (51), Carlos Araújo e Antonio Freire Toga (67).

De acordo com o estudo, a categoria jornalista não conhece a si própria, o que a torna praticamente invisível e irrisória quando comparada às que passaram a acompanhar e a divulgar o cenário da pandemia entre seus associados.

“Durante a pandemia nós estávamos incumbidos de mostrar as categorias mais afetadas pelo vírus, mas era importante também mostrar em que ponto estávamos em perigo, e não tínhamos respostas para esses questionamentos. Não nos víamos enquanto jornalistas e vítimas da Covid-19″, enfatiza Rômulo.