O prefeito de SP, Ricardo Nunes, diz que ministro de Minas e Energia “zomba da população” ao defender renovação de contrato com a Enel
Em vídeo postado nas redes sociais, nessa quinta-feira (11/12), o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), resgatou o conflito com Alexandre Silveira (PSD), ministro de Minas e Energia, sobre renovação com a Enel. Atualmente, a concessionária é responsável pela distribuição de energia elétrica na capital e cidades na região metropolitana.
A provocação de Nunes ocorreu em meio ao cenário de caos que atingiu o estado nesta semana, quando mais de 2 milhões de imóveis ficaram sem luz devido a ventos de quase 100 km/h causados por um ciclone extratropical. No entanto, há mais de um mês, Silveira disse que o contrato com a distribuidora poderia ser mantido mesmo com o “choro” de Nunes e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
“Ministro, quem está chorando é a população. Enquanto você está zombando, a população chora, a população sofre. É inaceitável que já há anos essa empresa aqui na cidade de São Paulo e nos demais 23 municípios faça com que milhões de pessoas sofram tanto”, rebateu o gestor municipal. “A dubiedade é do comportamento de um ministro que teria obrigação de defender a população e fica preocupado em defender uma antecipação de renovação de contrato que vai vencer em 2028”, acrescentou Nunes.
Na quarta (11/12), o prefeito já havia classificado o apagão como mais uma “irresponsabilidade” da Enel.
Renovação de contrato com a Enel
Anteriormente, o ministro de Minas e Energia, do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), alegou que não há politização nas discussões sobre a renovação do contrato e que o governo federal não pode gerar “dubiedade” para o setor privado.
“É fundamental que a gente sinalize que não há politização nessa questão. Se o prefeito quiser chorar, se o governador de São Paulo quiser chorar, não tem problema. Se estiver certo, vamos renovar. Se estiver errado, mostra o que está errado, dá um despacho lá, tem coragem de fazer, enterra e acabou. Não vamos pedir a favor de ninguém, mas não vamos politizar nem deixar dubiedade para o setor privado, que nós precisamos tanto atrair investimentos”, apontou Silveira durante evento.
De responsabilidade da União, o contrato de concessão da Enel é criticado frequentemente por Nunes e por Tarcísio devido aos problemas que a empresa apresenta no reestabelecimento de energia em épocas de chuva. A concessionária é responsável pelo fornecimento de energia para cerca de 8 milhões de pessoas na capital paulista e em outros 23 municípios da Grande SP.
“O governador de São Paulo e o prefeito de São Paulo estão ‘carecas’ de saber a importância da renovação. Todos os itens que o governador Tarcísio cita reiteradamente que são importantes de serem agregados à qualidade de serviço da prestadora de energia no estado de São Paulo estão contemplados no novo contrato”, afirmou o ministro.
Gleisi Hoffmann x Tarcísio de Freitas
Além de Ricardo Nunes e Alexandre Silveira, o embate entre governos estadual e federal englobou outros nomes relevantes do jogo político. Nesta sexta (12/12), a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, criticou o governador de São Paulo pelo apagão. Ela alegou que Tarcísio de Freitas quer “jogar a crise da Enel no colo do governo federal”.
Tarcísio afirmou, na quinta-feira, que São Paulo “não pode ficar refém da Enel” e que a competência sobre o contrato de concessão “é exclusiva do governo federal”.
Contudo, Gleisi disse que Tarcísio e “seu chefe Bolsonaro” sempre foram a favor de privatizar serviços essenciais, como energia e saneamento. Para a ministra de Lula, agora não adiantaria falar em intervenção federal. “Bolsonaro privatizou a Eletrobras, tirando da União a única empresa que poderia assumir a distribuição de energia em São Paulo”, completou.

Apagão após ciclone
- Mais de 800 mil imóveis seguem sem energia elétrica na Grande São Paulo, nesta sexta-feira (12/12), cerca de 48 horas após o ciclone extratropical formado no Sul do país.
- Nessa quinta-feira (11/12), mais de 1,5 milhão de clientes estavam sem luz.
- Anteriormente, na quarta (10/12), o apagão atingiu mais de 2 milhões de imóveis.
- O Corpo de Bombeiros atendeu 1.327 chamados para quedas de árvores, 19 para desabamento/desmoronamento e três para enchentes/alagamentos no período.