Especialista aponta que plano alimentar deve ser desenvolvido de acordo com as preferências, rotina familiar e escolar e com base em exames de rotina
Com os desafios diários e preferências alimentares das crianças diagnosticadas com autismo, a especialista em nutrição e professora da Estácio, Gabriely Kinpara, informa que é primordial que os pais estejam conscientes de que o trabalho do profissional vai além de elaborar um plano alimentar e simplesmente indicar que a criança “coma tudo’. Para ela, é essencial que haja adaptação alimentar dentro das necessidades diárias de consumo da criança, considerando as limitações e preferências. “É importante entender que será um processo que exige paciência, consistência e que as mudanças e a aceitação na dieta podem ser graduais, com foco principalmente no bem-estar, no desenvolvimento e na saúde geral”, adianta a nutricionista
A especialista argumenta que a seletividade alimentar entre crianças e adolescentes não deve ser classificada como “birra’, mas sim a preferências sensoriais do próprio espectro autista. “Muitas crianças e adolescentes autistas apresentam seletividade alimentar, que pode estar relacionada a texturas, cores, formatos ou até ao cheiro dos alimentos”, aponta.
Questionada sobre como os nutricionistas elaboram os cardápios, Gabriely explica que o plano alimentar é desenvolvido, considerando as necessidades nutricionais de acordo com características individuais da criança, como idade, peso, altura e estado de saúde. “Também são levadas em conta suas preferências e aversões alimentares, especialmente as relacionadas às características sensoriais dos alimentos. Além disso, o ambiente em que a criança está inserida deve ser observado e respeitado, sendo a rotina e familiar e escolar pontos cruciais para que a alimentação seja viável no dia a dia”, acrescentou.
Sobre os sinais de alerta para a busca de um profissional da nutrição, a profissional explica que, o ideal é buscar auxílio logo que surgirem sinais de restrição alimentar significativa. “Recusa frequente de grupos alimentares inteiros, baixo ganho de peso ou prejuízo no crescimento, deficiências nutricionais detectadas em exames laboratoriais e mudanças comportamentais ligadas à alimentação, como ansiedade extrema ao ver certos alimentos. É importante ter em mente que, quanto mais cedo o acompanhamento começar, mais fácil será trabalhar a aceitação de novos alimentos e menores serão os prejuízos a longo prazo”, explica
Ao falar sobre alimentos industrializados, a especialista diz que não é necessário proibi-los por completo, mas limitá-los. “Os alimentos ultraprocessados geralmente contêm excesso de açúcar, gordura e sódio, além de aditivos que não costumam contribuir para a saúde da criança, mesmo fora do espectro autista. O consumo frequente desse tipo de alimento pode aumentar o risco de complicações como obesidade, diabetes, alterações de comportamento e deficiências nutricionais. O ideal é priorizar alimentos frescos e minimamente processados, adaptados às necessidades sensoriais e preferências da criança”, concluiu a profissional da Estácio.