Secretaria potiguar foi notificada na manhã desta quarta-feira, e agora auxilia nas buscas pelos dois fugitivos. Modelo federal, que abriga líderes de facções criminosas, foi criado em 2006
Dois presos fugiram da Penitenciária Federal de Mossoró, unidade de segurança máxima no interior do Rio Grande do Norte. A informação foi confirmada pela Secretaria de Estado da Segurança da Segurança Pública e Defesa Social (Sesed), que foi notificada no início da manhã desta quarta-feira, 14, e agora auxilia nas buscas pelos fugitivos, inclusive com helicópteros.
É a primeira fuga registrada na história do sistema penitenciário federal, onde também estão membros do alto escalão de facções como Comando Vermelho (CV) e Primeiro Comando da Capital (PCC). São cinco presídios do tipo no País: além de Mossoró, há unidades em Catanduvas (PR), Campo Grande, Porto Velho e Brasília. A primeira delas, em Catanduvas, foi inaugurada em junho de 2006.

Os fugitivos foram identificados como Deibson Cabral Nascimento e Rogerio da Silva Mendonça. Antes, os criminosos cumpriam pena no Complexo Penitenciário de Rio Branco, no Acre, mas foram transferidos após terem participado de uma rebelião no Presídio Antônio Amaro Alves que resultou na morte de cinco detentos em julho de 2023.
A transferência para a Penitenciária Federal de Mossoró foi feita a pedido do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado (MPAC). Além de Deibson e Rogerio, outros 12 presos foram transferidos nas mesmas circunstâncias.
Ainda não há informações se pessoas de dentro da penitenciária teriam auxiliado na fuga. A Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) informou que o secretário André Garcia está a caminho de Mossoró para investigar os fatos e apurar as responsabilidades do ocorrido.
“A Polícia Federal foi acionada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública e está tomando todas as providências necessárias para a recaptura dos foragidos e a apuração das circunstâncias da fuga”, acrescentou a pasta. Conforme informações preliminares, os fugitivos possuem ligação com o Comando Vermelho, uma das facções dominantes no Acre.
A secretaria da Segurança Pública potiguar afirmou que, juntamente com a Secretaria de Estado da Administração Penitenciária (Seap), está “dando total apoio” ao sistema prisional federal. Segundo a pasta, dois helicópteros auxiliam nas buscas: o Potiguar 01, que permanece em Natal, e o Potiguar 02, que se deslocou para Mossoró.
“Foi autorizado o pouso inclusive dentro do próprio presídio”, disse ao Estadão o secretário da Segurança Pública do Rio Grande do Norte, coronel Francisco Araújo. Ou seja, o local está sendo usado como uma espécie base para as buscas aéreas. Segundo ele, também houve incremento no policiamento nos arredores de Mossoró.
Um outro foco são as estradas. Araújo afirma ter entrado em contato com os secretários da Segurança Pública de Ceará e Paraíba para reforçar as revistas nas divisas entre os Estados. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) também foi acionada. “Existe a possibilidade de eles procurarem ônibus ou qualquer outro tipo de transporte para se evadir do território potiguar”, disse o coronel.
O Rio Grande do Norte não registra fugas em suas unidades prisionais desde 2021, segundo dados oficiais. Alguns anos antes, em 2017, o Estado assistiu a uma rebelião generalizada na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na Grande Natal, em ofensiva que deixou ao menos 26 presos mortos.
Já no começo do ano passado o Estado registrou uma onda de violência coordenada pelo Sindicato do Crime, facção que rivaliza com o PCC na região, em cerca de 20 cidades, incluindo Natal. Os casos consistiram em ataques a ônibus, incêndios de estruturas de prefeituras e do governo, além de tiros desferidos contra bases policiais e sedes do Judiciário.