Este é um tempo muito importante para saudar nossa gente boa do Acre, do Alto Juruá e da sua vizinhança. Um tempo difícil, no qual precisamos fortalecer nossa esperança: muita esperança, consolo, perspectiva e fé!
Vale nossa presença e apoio às pessoas que sofrem o luto pelos que partem prematuramente devido à pandemia, às que sofrem pela dengue, pelas inundações, pelos problemas migratórios. A você e vocês: sintonia, solidariedade, serviço fraterno e fé no Deus da vida, Aquele que nos cria e nos sustenta no caminhar da nossa história. O Bom Deus nos brinda com a perspectiva da esperança, força motriz do nosso anseio de eternidade, a vida plena sem sofrimento, luto ou dor. Pois nosso destino é consolidar nosso ser no abraço eterno do Criador!
Mais do que nunca, o caminhar no concreto da nossa existência e do nosso lugar social é também muito importante. Ansiamos pela felicidade já aqui e agora. A região do Alto Juruá é considerada o lugar de maior biodiversidade do Planeta. Essa é uma realidade grandiosa, pois “bio” é vida. A vida manifestada das mais variadas formas. Somos privilegiados por sermos ou vivermos nesse lugar de extraordinária beleza!
Quais os cuidados que estamos tendo ou que deveríamos ter com o ambiente no qual vivemos? Junto com o ambiente, quais os cuidados que temos ou deveríamos ter com as pessoas do lugar, as nossas comunidades humanas: urbanas, ribeirinhas, indígenas?
Na nossa vida, tudo está interligado: realidades humanas e ambientais. Quanto mais sadio o ambiente, mais sadias são as pessoas, pois vivemos da natureza e integrados a ela. Incluímos aqui também o elemento sobrenatural, pois somos, outrossim, seres espirituais. Deus criou tudo com sabedoria (Pr 3, 19)! E ele viu que tudo era muito bom (Gn 1, 31)! Que esplendida realidade!
Todavia, parece-me que, infelizmente, estamos ajudando a destruir o equilíbrio da Criação de Deus. Pois os rios e os igarapés estão sendo contaminados, assim também o ar e até as águas do subsolo. Muitos tipos de alimentos são produzidos com emprego de venenos e de mutações genéticas. O desmatamento gera o desequilíbrio sistêmico. São realidades que vão gerando doenças, endemias, pandemias, pois alteram os ecossistemas, ocasionam a destruição da natureza que é tão necessária para a nossa qualidade de vida. Se esse quadro não mudar radicalmente, nossas ações podem influenciar muito mais nas mudanças do clima: calor crescente, incêndios, desequilíbrio das chuvas, intensas tempestades, inundações.
O que fazer, então?
Sim, podemos ajudar a evitar maiores catástrofes. Somos capazes de repensar nossos modelos de desenvolvimento. Buscar formas alternativas de sustentabilidade das pessoas, em harmonia com a natureza. Isso precisa também de uma nova consciência política, econômica, social e religiosa.
Que tal unirmos nossas ideias e atitudes em busca desses caminhos?
Queremos nos conectar com as crianças e jovens que virão em nosso lugar daqui a cinquenta, cem ou duzentos anos. Que ambiente natural e cultural vamos deixar para as futuras gerações? Quais relações sociais mais igualitárias e de excelente qualidade vamos propondo em nosso cotidiano?
Então, deixamos aqui nossa solidariedade às pessoas de hoje e às do amanhã: vamos nos unir mais, alimentar nossos sonhos de vida, cuidar da vida das pessoas e da mãe natureza, superar as divisões, fortalecer a esperança, partilhar nossos bens e nossos dons, nos unirmos nos gritos de dor e na força do amor. Juntos somos mais fortes!