
Polícia Federal deflagra operação contra fraude em licitações que já desviou cerca de R$ 76 milhões no interior do AC — Foto: Arquivo/Polícia Federal
A Polícia Federal no Acre desencadeou, na manhã desta quinta-feira (12), a operação “Rounds Mundi” de combate a crimes de corrupção, fraude à licitação, peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa, na prefeitura de Cruzeiro do Sul.
A operação apura fraudes na contratação de empresas para fornecimento de combustível para a atender a frota de veículos da prefeitura. De acordo com a PF, a investigação começou em 2017 após denúncia anônima que apontava que os contratos de compra e venda de combustíveis foram firmados de forma fraudulenta e eram executados com superfaturamento de preços. Desvio foi de mais de R$ 76 milhões.
Ao todo, foram cumpridos 29 mandados judiciais, sendo dezenove mandados de busca e apreensão em empresas e residências localizadas nos municípios de Cruzeiro do Sul, Rio Branco, Guajará e Manaus, no AM. Também foram cumpridos 8 mandados de sequestro de bens, 8 mandados de bloqueio de valores em contas bancárias. E uma pessoa foi presa em flagrante por posse de arma de fogo sem registro.
A prefeitura informou ao G1 que as investigações fazem parte da gestão anterior e que ainda não tomou conhecimento dos fatos e que não vai se manifestar neste momento.
A polícia informou que após iniciar as investigações encontrou irregularidades envolvendo o pregão 24/2016 tanto na etapa prévia à contratação, quanto na etapa de execução contratual, como superfaturamento dos preços e fornecimento falso de combustível.

Mandados foram cumpridos na manhã desta quinta-feira — Foto: Arquivo/Polícia Federal
Valores
Ainda conforme a PF, Cruzeiro do Sul recebeu, entre janeiro de 2017 e fevereiro de 2020, do Fundo Nacional de Saúde o montante de R$ 66.244.367,84. Desse total, R$ 2.864.393,64 foram investidos na aquisição de combustíveis, tornando essa contratação a segunda a maior despesa realizada com os recursos recebidos.
Desse valor, foram adquiridos pela secretaria de Saúde mais de R$ 301 mil litros de diesel S10 nos anos de 2016 e 2017. Segundo a PF, a pasta à época, tinha apenas cinco veículos que usavam este tipo de combustível e que a média a ser utilizada era de apenas 50,2 mil litros para cada veículo.
Os trabalhos contam com a participação de mais de 50 policiais federais. As investigações contaram com o apoio da Controladoria Geral da União (CGU), e foi constatado que o mesmo grupo empresarial continuou contratando com as administrações municipais do Vale do Juruá, e além do superfaturamento, foi identificado que o repasse de verbas a agentes públicos municipais, dentre eles prefeitos, pregoeiros, secretário de finanças, assistentes administrativos e procuradores municipais.