Cruzeiro do Sul, Acre, 16 de setembro de 2025 14:28

Novo Centro de Cooperação Policial Internacional – Governo quer estancar facções criminosas a partir da Amazônia

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Novo Centro de Cooperação Policial Internacional vai reunir agentes de países amazônicos para atuar contra o tráfico e crimes ambientais na região

O presidente Lula inaugura nesta terça-feira (9), em Manaus, o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia, que reunirá agentes de segurança dos estados brasileiros que integram o bioma e dos países vizinhos da chamada Amazônia Internacional.

O espaço é a principal aposta da gestão federal para conter facções criminosas que usam os rios como rotas do tráfico e que se financiam com o lucro de atividades ilegais como o garimpo e o desmatamento.

Diretor de Amazônia da Polícia Federal, o delegado Humberto Freire afirmou em coletiva nesta segunda-feira que o plano Amazônia: Segurança e Soberania (Amas), lançado pelo governo em 2023, busca o enfrentamento ao crime organizado na Pan-amazônia. O novo CCPI é um dos carros-chefe do programa.

“A prioridade é realmente a gente enfrentar o crime organizado, atingindo-o naquilo que lhe é mais caro, o poder financeiro. O crime organizado tem se dedicado muito ao crime ambiental. Hoje, é a terceira atividade criminosa mais rentável do planeta”, disse o delegado.

Humberto Freire defendeu a cooperação dos países amazônicos e até mesmo de nações que não possuem porções da floresta para conseguirem estancar o crime organizado na região. “A gente vai poder realmente formar essa rede de combate, não só da lavagem do dinheiro do crime ambiental, mas, sobretudo, de mapeamento das cadeias produtivas ilegais, o que recentemente se chama de ‘Follow the Product’, além do ‘Follow the Money’”, pontuou.

Segundo ele, no ano passado a Polícia Federal retirou R$ 6,9 bilhões do crime organizado. Apenas na área ambiental, foram R$ 2,1 bilhões em perdas, resultado da inutilização de equipamentos usados em crimes ambientais e da apreensão de bens ligados às organizações criminosas.

Contexto

A inauguração do Centro, anunciada há dois anos, ocorre em meio à crescente pressão dos Estados Unidos sobre países latino-americanos para o combate ao crime organizado, em especial Colômbia e Venezuela. Na semana passada, os EUA afundaram uma embarcação que havia saído do território venezuelano sob a alegação de transportar drogas para o país.

Em maio, representantes dos Estados Unidos se reuniram com técnicos do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) do Brasil para tratar do combate às facções. Na ocasião, os norte-americanos defenderam que grupos como PCC e Comando Vermelho fossem classificados como organizações terroristas, pedido rejeitado pelo governo brasileiro. O presidente dos EUA, Donald Trump, tem sustentado essa tese para justificar a ampliação da presença militar do país na região.

Funcionamento

O Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia será coordenado pela Polícia Federal e reunirá oficiais de ligação dos países amazônicos e dos nove estados da Amazônia Legal, além da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Força Nacional.

O espaço também contará com apoio de organismos multilaterais, como Interpol, Europol e Ameripol, e já tem confirmada a participação de Colômbia, Bolívia, Peru, Suriname e Guiana.

A gestão federal ainda caminha em tratativas com a França, Venezuela e Equador para integrarem o CCPI. Dos estados brasileiros, apenas Amapá e Tocantins ainda não finalizaram as tratativas para se juntarem à iniciativa.

A estrutura do Centro inclui serviço de inteligência, divisões de operações e logística, sala de videomonitoramento, gabinete de crise, sala de imprensa, entre outros espaços voltados à atuação coordenada. O centro é fruto de parceria com o BNDES e o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, financiado com R$ 36,7 milhões do Fundo Amazônia.