A redução na emissão de gás carbônico (CO₂) na atmosfera é um compromisso global, uma meta a ser cumprida pelos países no combate às mudanças climáticas e seus impactos. Faz parte do elenco de responsabilidades contidas no documento “Objetivos do Desenvolvimento Sustentável”, da Organização das Nações Unidas (ONU).
Um dos desafios dentro desse contexto é a descarbonização do setor elétrico. A queima de combustíveis fósseis para a geração de energia elétrica é responsável por boa parte do gás carbônico que chega à atmosfera, causando poluição e contribuindo para o efeito estufa e o aquecimento global. A iluminação pública chega a responder por 25% das emissões de CO₂ no mundo. Tornar esse processo mais sustentável, portanto, é imprescindível.
Um exemplo do que pode ser feito nesse sentido está acontecendo no interior do Amazonas, onde o sistema de iluminação pública passa por uma modernização. Programa do governo estadual está substituindo as lâmpadas de vapor metálico, de sódio e mistas, por luminárias de LED. A ação, realizada pela Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE), já alcançou 15 municípios e 22 comunidades rurais, em quatro meses de implantação.
A sustentabilidade é a grande marca dessa ação. A expectativa, além da queda no consumo de energia e de custos aos cofres públicos, é reduzir significativamente a emissão de CO₂ na atmosfera.
Uma luminária de LED pode evitar a emissão de 0,4 toneladas de dióxido de carbono. Com duração média de dez anos, é uma tecnologia totalmente limpa. Não polui o meio ambiente, por ser livre de metais pesados, presentes nas lâmpadas tradicionalmente usadas. Outra vantagem é que 98% de seus componentes são recicláveis.
Os resultados do programa que vem sendo implantado no Amazonas já são impactantes. É possível contabilizar, por exemplo, uma economia de 26,9% no consumo de energia elétrica nos municípios. A queda no consumo, provocada pelo fato de as luminárias de LED serem mais econômicas, implica na redução da queima de combustíveis fósseis, usados na geração de energia.
Em dez anos, levando-se em conta apenas os resultados já obtidos nos oito primeiros municípios onde o sistema foi implantado, estima-se a retirada de 26,6 mil toneladas de gás carbônico da atmosfera. No mesmo período, pelo menos 2,4 toneladas de mercúrio deixarão de ser utilizadas nessas cidades. O metal, presente nas lâmpadas tradicionais, é altamente poluente e tóxico.
O estudo, realizado pela empresa que está executando os serviços, a Avanço Construções, foi feito nos municípios amazonenses de Parintins, Barreirinha, Boa Vista do Ramos, Nhamundá, Tefé, Itacoatiara, São Sebastião do Uatumã e Urucurituba.
A potência nos parques de iluminação desses municípios caiu 834,34 Kw. Saiu de 3.095,93 Kw com as lâmpadas convencionais, para 2.261,59 Kw com a iluminação de LED. A redução de 834,34 Kw representa mais de 35 milhões de quilowatts que serão economizados em dez anos, segundo o levantamento. Isso se traduz, também, em uma economia de R$ 22,8 milhões para as Prefeituras, em dez anos, cálculo que considera a tarifa paga pelos municípios à concessionária de energia, acrescida dos impostos.
Em quatro meses já foram instalados 31 mil pontos de iluminação de LED. Até o final deste ano, 27 municípios serão contemplados, num total de 60 mil pontos de iluminação. Os ganhos em descarbonização e proteção ao meio ambiente serão enormes e não param por aí: a meta é atingir todos os 61 municípios do interior.
O programa está totalmente alinhado às iniciativas que buscam a redução de gases de efeito estufa na atmosfera e dá um passo à frente, já que a tendência, por parte das indústrias, é eliminar o mercúrio na composição das lâmpadas, até 2025. A erradicação do mercúrio integra um dos acordos da Convenção de Minamata, em vigor desde 2017. O objetivo é proteger a saúde humana e o meio ambiente dos efeitos adversos do produto.
O programa de implantação de LED na iluminação pública reduz o consumo e o custo com energia elétrica para os municípios, gera economia aos cofres públicos, garante maior luminosidade, ajuda no combate à criminalidade, com ruas mais iluminadas, e, principalmente, proporciona qualidade de vida à população e proteção ao meio ambiente.
*Marcellus Campêlo é engenheiro civil, especialista em saneamento básico; exerce, atualmente, o cargo de coordenador executivo da Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE) do Governo do Amazonas.