Cruzeiro do Sul, Acre, 3 de dezembro de 2024 08:40

Manifestantes se reúnem em SP, Rio e BH contra escala de trabalho 6×1

ato-contra-a-jornada-6x1-em-belo-horizonte-1731688168363_v2_450x450.jpg

Centenas de manifestantes se reuniram em ao menos dez capitais do Brasil nesta sexta-feira (15), contra a escala de trabalho 6×1.

O que aconteceu

Os atos também têm o objetivo de pressionar deputados federais. Texto da PEC que quer extinguir escala 6×1 conseguiu as assinaturas necessárias para ser protocolado, mas há uma preocupação se ele vai avançar na Câmara. Outras nove propostas sobre redução de jornada já foram engavetas no Congresso.

O protesto foi convocado pelo movimento VAT (Vida Além do Trabalho), liderado por Rick Azevedo. A extinção da escala ganhou força nas redes sociais na última semana. Rick, vereador eleito pelo PSOL no Rio, criou uma petição online com mais de 2,9 milhões de assinaturas contra a atual escala de trabalho.

Em São Paulo, manifestantes ocuparam um lado da avenida Paulista. A concentração na via, que está aberta para pedestres e fechada para carros hoje, começou tímida, mas depois ganhou adesão. O UOL questionou a Polícia Militar sobre o número de pessoas no protesto, mas a corporação disse que não realiza “este tipo de levantamento”.

Entre os manifestantes estavam integrantes de movimentos estudantis e da UP (Unidade Popular). Os participantes do ato usaram cartazes com frases “pelo fim da escravidão moderna” e “saúde mental é direito, não luxo”.

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) disse que é hora de “exigir mudança”. “Vamos para cima deles. Vamos cobrar, vamos exigir mudança. Vamos exigir transformação em uma escala que não traz nenhum tipo de dignidade, respeito e qualidade de vida para classe trabalhadora”, afirmou, em discurso na avenida Paulista.


Ato contra a jornada 6×1 em Belo Horizonte – Imagem: Reprodução/Sindifes

No Rio, Rick Azevedo afirmou, em seu discurso, que a escala 6×1 é “escravocrata” e “desumana”. O ato na Cinelândia reuniu lideranças do MST, como Eró Silva, e o deputado Alencar (PSOL-RJ). “Isso aqui é sobre a classe que mantém esse país”, disse Rick.

Manifestantes também se reuniram em Belo Horizonte, Brasília, Recife, Fortaleza, Curitiba, Aracaju. Estudantes, grupos políticos ligados à esquerda e integrantes do movimento VAT participaram dos protestos.

Integrantes de movimentos estudantis foram às ruas em Belém. Na capital paraense, o ato começou às 8h30 na praça do Operário, em São Brás. Um grupo de estudantes entrou em um shopping para protestar contra a escala 6×1.

Há atos previstos na parte da tarde. As cidades de Vitória e Porto Alegre convocaram manifestações contra a escala a partir das 14h.

PEC não foi protocolada

O texto da PEC engatinhava para receber apoio, mas conseguiu as assinaturas necessárias nesta semana. Ainda assim, a deputada federal Erika Hilton disse que não protocolou a proposta na Câmara, porque deve receber apoios de outros deputados.

O apelo em diferentes perfis pressionou deputados de diferentes espectros ideológicos a se posicionarem. A esquerda enxergou o tema como uma forma de se reconectar com a base, ponto criticado nos últimos dias após o resultado das eleições municipais.

Há críticas ao projeto como está redigido hoje. Deputados afirmam que para o texto avançar na Câmara será preciso defender a escala 5×2 ao invés da escala 4×3, como está previsto na proposta de Erika.