O Memorial João Mariano, localizado no Shopping Copacabana, abriu suas portas, nesta quarta-feira (18), para uma justa homenagem saudosa à personalidades que deram sua contribuição ao trabalho de João Mariano que por mais de 50 anos participou e manteve viva a chama da imprensa escrita em Cruzeiro do Sul com os jornais “O Rebate” e “O Juruá”.
Instalado numa das salas do Shopping Copacabana o Memorial João Mariano, iniciativa da família para preservar a memória do saudoso jornalista que registrou a história de Cruzeiro do Sul e da região com jornais impressos tipograficamente que foram preservados pela família e hoje são documentos de grande relevância para a memória cultural, material e imaterial.
Estudantes da Escola São José prestigiaram a homenagem prestada ao professor Nilo Castro, colaborador do Memorial e ao marceneiro Possidônio Rodrigues Lima, que construiu a peça em madeira para a impressora do jornal.
A primeira homenagem foi ao saudoso marceneiro Possidônio Rodrigues Lima, representado por familiares. Na época, ele residia na casa da frente da oficina gráfica e redação dos jornais “O Rebate” e “O Juruá” e na sua marcenaria produzia móveis como mesas, camas, cadeiras e também janelas com venezianas e outras peças similares.
Por volta de 1970 uma engrenagem da máquina de impressão da gráfica impressora dos jornais sofreu um dano irreparável e precisava ser substituída, mas a distância dos grandes centros do país onde se poderia adquirir outra peça ou consertá-la deixou João Mariano sem condição de consertar o equipamento.
Em virtude do conhecido talento do vizinho e amigo, João Mariano resolveu procurar Possidônio e contar-lhe sua inesperada aflição. Possidônio disse ao amigo: eu nunca fiz peças dessa espécie. Dentre coisas diferentes, a única peça que fiz foi um buquê de flores, em madeira, para o aniversário dos 15 anos de uma filha do empresário Jamil Jereissati.
E acrescentou, então: “não posso lhe garantir que uma peça dessa, que eu faça em madeira, fique perfeita. Mas, vou tentar fazer a moldura (matriz), em madeira, para vermos se vai servir para a fabricação da peça definitiva, em ferro. Ele iniciou a execução com dedicação exclusiva e entre dois ou três dias Possidônio entregou a engrenagem da máquina da tipografia.
Realizada a instalação da peça e testada sua operacionalidade, o resultado é que a máquina voltou a funcionar regularmente. Essa peça ainda existe e faz parte do acervo do Memorial João Mariano da Silva, tal qual como vista nas fotos abaixo, tiradas na casa da filha de João Mariano, a professora Gisalda Mariano que preservou a obra do pai.
De Cuiabá, onde mora, o escritor Raimundo Carlos de Lima, popular Dindola, filho do marceneiro Possidônio, destacou a amizade entre seu pai e o jornalista João Mariano, que eram também vizinhos e agradeceu ao irmão Marista João Gutemberg e sua mãe, a professora Gisalda, pela homenagem ao saudoso pai.
“Caro Irmão João Gutemberg, me sinto gratificado e feliz com a homenagem registrada no importante Memorial-Acervo do insigne Jornalista, Educador e Rábula João Mariano da Silva, que ocorre no mesmo momento em que é homenageado o dedicado e destacado colaborador, já imortal, Professor NILO DE CASTRO CORREIA.
Sinto muito não poder estar presente pessoalmente nesse significativo Evento de hoje. Mas me sinto presente espiritual e mentalmente, como sempre estou em todos os atos e fatos desse importante Acervo Histórico-cultural. Obrigado! Sucesso!” – Dindola
A filha do marceneiro Possidônio, Glorinha, representou a família na homenagem que consistiu na aposição de um quadro na parede do Memorial, no local onde a peça de madeira construída para a impressora, que foi resgatada pela professora Gisalda, está afixada, num gesto de reconhecimento pela contribuição ao trabalho de João Mariano.
O saudoso professor Nilo Castro, que faleceu recentemente, foi homenageado pelo Memorial João Mariano, pelo seu trabalho de grande relevância como coordenador do espaço no atendimento aos estudantes da maioria das escolas do município que visitaram o local para saber sobre a história do jornalista João Mariano.
A irmã do professor Nilo Castro, Meire Castro, representou a família do professor Nilo Castro na homenagem prestada pelo Memorial e agradeceu pelo importante registro do trabalho do coordenador, realizado por ele com muita competência e entusiasmo com a implantação inclusive do projeto do Memorial Itinerante que levou as informações à escolas e outros locais da cidade.
Na conclusão Meire Castro devolveu a chave do Memorial que estava com o saudoso professor Nilo Castro que exercia com muito amor e dedicação a função de coordenador do espaço cultural.
O irmão Marista João Gutemberg, que coordena o Memorial junto com a irmã Plácida Cameli, que com o esposo, o empresário Assem Cameli cedeu no Shopping Copacabana um espaço para a instalação dos equipamentos e o acervo dos jornais de João Mariano, recordou o processo de criação do Memorial.
O Memorial João Mariano tem em seu espaço equipamentos e móveis usados na tipografia, além do grande acervo de jornais impressos pelo jornalista, “O Rebate” e “O Juruá” ao longo de mais de 50 anos, documentos de grande valia para conhecimento da história do município. João Gutemberg destacou a importância da homenagem ao coordenador Nilo de Castro Correia e ao marceneiro Possidônio e explicou todo o processo realizada para digitalização e revitalização das edições dos jornais, trabalho feito aproveitando o período da pandemia.
Veja o que dissseram:
