A onça-pintada capturada após atacar e matar o caseiro Jorge Ávalo, de 60 anos, em Mato Grosso do Sul, estava significativamente abaixo do peso, levantando questões sobre os possíveis motivos de sua desnutrição.Felino foi resgatado com 94 quilos, cerca de 26 quilos a menos do que a média para espécie
O felino, um macho, pesava 94 quilos, enquanto o esperado para um animal de seu porte seria cerca de 120 quilos, uma diferença de 26 quilos.

Segundo o professor e pesquisador Gediendson Araújo, especialista em animais de grande porte da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), não é comum que uma onça desse tamanho esteja tão magra. Essa condição levantou suspeitas de que a saúde do animal poderia ter contribuído para o ataque.
O secretário executivo de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Artur Falcette, informou à CNN que o foco inicial da equipe veterinária é hidratar o felino e estabilizar seu estado crítico.
Motivos
A desnutrição da onça pode estar relacionada a diversos fatores, que estão sendo considerados pelas autoridades durante a investigação do caso.
Uma das hipóteses levantadas para o ataque é a possível falta de presas na região, o que poderia ter levado a onça a procurar fontes alternativas de alimento. Um estudo do ICMBio aponta que em áreas degradadas, onças podem precisar de territórios até 30% maiores para sobreviver devido à escassez de recursos.
O projeto “Documenta Pantanal”, que visa documentar, disseminar e conservar a beleza e o valor natural do Pantanal, divulgou em 2022 informações sobre a presença de onça-pintada na região. Na época, o local foi apontado com uma das maiores densidades populacionais de onça-pintada no continente americano, com cerca de dez animais a cada 100 quilômetros quadrados.
Estudos apontam que ações humanas impactaram negativamente a população de onças-pintadas, como a destruição e fragmentação dos habitats e a caça, principalmente a caça de retaliação por proprietários rurais devido a ataques ao rebanho.
Um documento divulgado pelo “Documenta Pantanal” traz informações que apontam que a onça-pintada já perdeu perto de 50% da sua área de distribuição original. O declínio populacional da espécie no Brasil, decorrente da perda e fragmentação de hábitats, foi de aproximadamente 30% nas últimas três décadas.
A CNN tenta contato com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para obter dados oficiais sobre os dados populacionais da espécie, mas não obteve retorno até o momento.
Estudos em andamento
O professor Gediendson Araújo mencionou que serão realizados exames para verificar se o animal possui alguma doença, o que poderia explicar a perda de peso e a condição debilita.
Apesar de o Instituto Onça-Pintada reforçar que onças não veem humanos como presas naturais, a condição de saúde debilitada do animal capturado pode ter influenciado seu comportamento. O monitoramento contínuo e os exames no CRAS devem fornecer mais informações sobre a causa da desnutrição e auxiliar a entender o que motivou o ataque.
É importante ressaltar que o Pantanal, região onde ocorreu o ataque, é um bioma com alto índice de espécies preservadas. A interação entre produtores rurais e a fauna na região tem um histórico positivo. O caso permanece sob investigação para determinar todas as circunstâncias do ocorrido.