Sou Carla de Melo Sampaio, não sou especialista econômica nem empresária, mas tenho acompanhado nos últimos 13 anos a trajetória de meu esposo, que vem de uma família de comerciantes.
A vida do empresário, seja pequeno ou de grande porte, é trilhada de muito esforço e sacrifício, empregam renda, nome, tempo e esforço em algo que imaginam recuperar, mas o retorno não vem tão rápido. Especialmente nos dias atuais, em que a pandemia veio revolucionar o mercado de forma que ninguém esperava.
Quando vamos ao supermercado, identificamos facilmente elevação dos produtos essenciais, da “cesta básica”, mas como não acompanho de perto a movimentação desse mercado, não posso falar com propriedade os motivos reais para encontrarmos hoje o óleo de soja, a mais de R$ 8,00 nas prateleiras.
Especificamente no ramo de construção, as altas são facilmente notáveis para quem comprou o mesmo produto a um ano atrás por exemplo. Como praticamente todo produto, tem plástico ou metal na composição, visivelmente identificamos a diferença que chega muito mais de 65% do valor comercializado a menos de seis meses.
Mas, a dúvida de muitos, que não acompanham os jornais e movimentação econômica, é rapidamente sanada com os dados que são diariamente divulgados sobre os motivos das grandes altas nos produtos e em muitos casos desabastecimento deles.
E não somente no ramo de construção, identificamos que produtos desde EPI’s a embalagens descartáveis sofreram alterações e desabastecimentos, pois a maior fornecedora de matéria-prima de resina plástica no país, reduziu em 64% a produção durante a pandemia resultado da cadeia de produção global, ocasionada pela COVID-19 (Fonte: SIMPLAST).
Lembrando que quando falamos em produção, a cadeia referente ao plástico, é conectada no mundo todo e o insumo essencial para a fabricação de produtos é a nafta, que é derivado do petróleo processado nas fábricas a vapor da Arábia Saudita, EUA e China. Se alguma coisa acontece, impedindo que a essência chegue as indústrias, como o que aconteceu, expõe a vulnerabilidade que a cadeia de produção é capaz de sofrer tanto quanto a oferta, como nos preços, elevando-o de forma jamais vista antes.
Só nos primeiros meses deste ano, o polietileno subiu mais de 35%, e mesmo assim não há matéria – prima suficiente para todos, o que gera a velha lei do mercado “produção baixa + demanda alta = alta dos produtos”.
Portanto temos exposto mundialmente os “vilões” que ocasionaram a grande alta: recuperação rápida da economia da China; falta de matéria-prima para elaboração de produtos e ainda a paralização do Canal de Suez, causada pelo navio Ever Given, que coincidentemente, pertencia a esse segmento. Acredito que todos chegaram a ver o navio “encalhado” nos noticiários e não imaginaram que afetaria diretamente nos produtos, como tubos de PVC, e todos outros itens que provém do plástico.
Quanto a solução, é pouco provável haver reduções, haja vista que a China está comprando praticamente o que tem disponível no mercado, devido à alta em produção no país, o que não cria expectativa para a cadeia mundial de produção ativar funcionalmente o que era até o início de 2020. O que temos é expectativa, para que as políticas públicas pertinentes a economia, sejam mais efetivas em criar possibilidades para que as empresas permaneçam ativas gerando emprego e contribuindo para sociedade local, apesar do bombardeio de contrapostos que nos fazem repensar como será o mercado daqui pra frente.