Cruzeiro do Sul, Acre, 5 de dezembro de 2024 13:41

Participação feminina brasileira bate recorde no Web Summit Lisboa 2024

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Aumento de empresas lideradas por mulheres em um dos maiores eventos de tecnologia do mundo foi alavancado pelo Programa Mulheres e Negócios Internacionais da ApexBrasil  
As mulheres mostraram sua força no Web Summit 2024, um dos principais eventos de tecnologia do mundo, realizado em Lisboa, Portugal, entre os dias 11 e 14 de novembro. A Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (ApexBrasil), idealizadora do Programa Mulheres e Negócios Internacionais, levou uma delegação recorde de mais de 400 empresas brasileiras. Deste total, 27% possuem liderança feminina.
Criado em 2023, o programa promove, qualifica, apoia e potencializa as exportações de empresas lideradas por mulheres.  São diferentes ações que incluem capacitação empresarial e apoio à participação em eventos internacionais com o objetivo de promover negócios femininos. O objetivo é fazer com que as participantes possam começar a exportar ou exportem ainda mais, por meio de cursos, rodadas de negócios e outras oportunidades.
Painel discute protagonismo feminino nos negócios internacionais
Nesta quinta-feira (14) foi realizado, no Pavilhão Brasil no Web Summit, o painel “Programas do Governo Federal para apoio ao empreendedorismo feminino”, que colocou no debate as necessidades das empreendedoras que querem ganhar o mundo. A gerente de Indústria e Serviços da ApexBrasil, Maria Paula Velloso, abriu a discussão explicando o programa Mulheres e Negócios Internacionais, seguida por Larissa Alfino, coordenadora das ações de promoção da mulher empreendedora no Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (MEMP). Coube à Conselheira Nacional do Sebrae, Marcela Flores, fazer a moderação do debate e passar o microfone para a plateia, que lotava o estande do Brasil na Web Summit.
A expectativa, segundo Maria Paula, é aumentar ainda mais a participação das mulheres no cenário internacional. “Sabemos que se temos mais mulheres no comércio internacional, vamos conseguir ter um melhor desenvolvimento do país. Em um ano de programa com mais de 30 ações dedicadas às mulheres, tivemos um aumento de 33% das empresas apoiadas com liderança feminina e mais de 1000 empresas impactadas. A parceria com outras instituições como o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), que fazemos mentoria conjunta com o “Elas Exportam”, mostram que esse é um caminho de sucesso”, destaca.
Durante o painel, foram apresentados dados sobre o empreendedorismo feminino no Brasil.  São cerca de dez milhões empreendedoras.  Este número vem aumentando resultado da política pública federal “Elas Empreendem”, que aborda quatro eixos como inovação e educação, além de acesso a crédito e novos mercados.
Painel coloca em debate Inovação e Diversidade
Na mesma tarde, foi realizado o painel “Inovação e Diversidade Caminham Juntas?” com Cleo Santana, da Escola de Negócios da Favela; Caroline Aguiar, da Rede Mulher Empreendedora e Shirley Nascimento, representante do Ecossistemas Norte e Nordeste do Brasil. A mediação foi analista da Gerência de Indústria e Serviços da ApexBrasil, Renata Machado.
A conferência em Portugal somou mais de 70 mil inscritos de 153 países. Na edição do ano passado, cerca de 42% dos participantes eram mulheres. Em 2024, a ApexBrasil traz novamente a parceria com o Clube de Mulheres de Negócios em Língua Portuguesa para apoiar o protagonismo feminino no comércio exterior. Neste ano, a delegação brasileira reuniu empresas das áreas da Saúde e Bem-estar, Educação, Finanças, Bioeconomia, Varejo, Marketing, Tecnologia Limpa, Logística e Agronegócio.
Lixo se torna moda e arte
Um dos destaques da participação brasileira deste ano ficou por conta da startup Badu Design, de Curitiba. Representada por Ariane Santos, a empresa forma mulheres na periferia e favela em design circular e ensina todo o processo de criação e desenvolvimento de vários tipos de produtos, que vão desde o mobiliário à moda. Atualmente, elas formam uma rede de aproximadamente 1500 mulheres em quatro estados do país. A Badu Design desenvolveu uma solução que transforma resíduos industriais em produtos exclusivos. “Somos tecnologia social.   A gente tem muito esse olhar para o material residual e ver como é que o time interfere nessa questão do meio ambiente dentro das indústrias. Então, tem muita pesquisa e desenvolvimento de mecanismos e equipamentos que utilizam a inteligência artificial para desenhar novas soluções de negócios e produtos feitos com resíduos”, explica Ariane.
Tecnologia para salvar vidas
Outra solução voltada para o público feminino, embora liderada por um homem, chamou a atenção nesta edição do Web Summit.  É o aplicativo “Todos por Uma”, criado para ajudar no combate à violência contra a mulher. O criador Mateus Diniz explica que a vítima pode pedir socorro de forma segura e oculta do agressor. O aplicativo se disfarça de outros serviços e permite que a mulher procure ajuda. “Ele está camuflado de um patrocinador, mas que na verdade é o nosso aplicativo. E para a mulher enviar um pedido de socorro, ela não aperta nenhum botão, ela só precisa balançar o celular.  Ao simular que está fazendo uma compra, na verdade, ela está mandando o pedido de socorro a cada 30 segundos com a sua última localização em tempo real, mesmo que a mulher esteja em movimento ou parada”, explica Mateus.
Tecnologia que vem da Amazônia
Clarice Carvalho, da startup Antibiose de Rio Branco, no Acre, relata que veio ao evento em busca de ampliar a rede de contatos nesse cenário de inovação. “A expectativa aqui é contatos, conhecer pessoas, posicionar a marca, ver exatamente como que está a questão de insumos. O Brasil é referência mundial disso. Além disso, queremos conhecer outras empresas que estão aqui, para gente usar como referência”, relata. A empresa trabalha com produtos biológicos, cuja base de elaboração são fungos e bactérias oriundos da Amazônia. A startup utiliza esses microrganismos exatamente para poder melhorar o desenvolvimento de plantas e combater doenças típicas da Amazônia. O foco é desenvolver açaí, cupuaçu e cacau, controlar doenças e melhorar a qualidade dessas plantas, promovendo o desenvolvimento vegetal, a aceleração do processo de crescimento da planta.