A BR-364, que atualmente é um problema quase sem solução, já foi um sonho idealizado por Euclides da Cunha, bem no início do Acre brasileiro, num artigo defendendo a construção de uma estrada “Transacreana”, pois atravessaria o território arrecadado da Bolívia de ponta a ponta.
Os primeiros recursos públicos investidos nela dão conta de uma estrada que, partindo de Cruzeiro do Sul, interligaria os três Departamentos do Território. Essa primeira tentativa, a cargo do Eng. Bueno de Andrada da Comissão de Obras Federais do Acre em 1907 e que se tornaria um imenso desperdício, pois não passou de uma picada na mata que chegou no máximo ao Rio Tarauacá, foi estampada nos principais jornais do país.
A estrada prometia a façanha de encurtar o tempo de viagem entre Cruzeiro do Sul e Rio Branco para “apenas” 18 dias.
Seus desafios foram e permanecem imensos para torná-la minimamente trafegável.
Qualquer debate que aponte uma única causa para seu abandono será mais raso que a maioria dos milhões de buracos que brotam depois de qualquer chuvinha.
Reduzir o problema à política e aos políticos será sempre uma tentativa de se eximir da culpa.
Um fracasso de mais de 120 anos é uma vergonha para qualquer povo, e é, portanto, uma vergonha nossa, a maior vergonha do povo acreano.