A reunião entre as delegações da Ucrânia e da Rússia, hoje, em Belarus, terminou sem acordo entre os países, informou a Tass, agência de notícias russa. Logo após o fim da reunião, explosões começaram a ser ouvidas em Kiev, capital ucraniana.
A prefeitura informou no canal oficial do Telegram sobre um possível ataque aéreo. Sirenes tocaram por toda a cidade. O diário local The New Voice of Ukraine publicou um vídeo de uma explosão na cidade.
Os alarmes que anunciam ataques aéreos também soaram nas seguintes cidades: Lviv, Rivne, Khmelnytsky e Kamianets-Podilskyi.
De acordo com a CNN Brasil, 5.500 pessoas foram detidas na Rússia até o momento por participarem de protestos contra os conflitos.
Kyiv now, left сoast
Video: ЗСУ pic.twitter.com/aAm4Zhx3FY
— The New Voice of Ukraine (@NewVoiceUkraine) February 28, 2022
Negociações
A reunião entre Rússia e Ucrânia durou cerca de cinco horas. O assessor do presidente da Ucrânia, Mikhaylo Podolyak, disse para jornalistas que os representantes de ambos os países retornam hoje para suas capitais e vão realizar consultas para a próxima rodada de negociações. Uma nova reunião deve ser marcada nos próximos dias.
“As delegações ucranianas e russas realizaram a primeira rodada de negociações. Seu objetivo principal era discutir o cessar-fogo e o fim das ações de combate no território da Ucrânia”, disse Podolyak, segundo a CNN Internacional. “As partes discutiram a realização de mais uma rodada de negociações, em que essas decisões podem se desenvolver”, afirmou.
Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Volodimir Zelensky, não participaram do encontro —ambos enviaram representantes (leia mais abaixo).
Antes da reunião, a Ucrânia informou que exigiria um cessar-fogo “imediato” e a retirada das tropas russas; a Rússia não quis revelar sua posição.
Hoje, a invasão russa à Ucrânia entrou no quinto dia. A capital, Kiev, e a segunda maior cidade ucraniana, Kharkiv, amanheceram com explosões, segundo relatório do serviço estatal de informação do país. As Forças Armadas ucranianas, porém, disseram que o Exército russo parecia ter diminuído o ritmo da ofensiva.
Do lado russo, a missão diplomática foi liderada pelo conselheiro do Kremlin, Vladimir Medinski. A Ucrânia enviou seu ministro da Defesa, Oleksii Reznikov, que chegou vestido com uniforme militar.
“Podem se sentir completamente seguros”, declarou o ministro bielorrusso das Relações Exteriores, Vladimir Makei, ao recebê-los.
A reunião aconteceu em uma das residências do presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko —aliado de Vladimir Putin—, na região de Gomel, perto da fronteira com a Ucrânia.

O principal negociador russo, Vladimir Medinski, afirmou que seu país “busca um acordo”.
Já Zelensky, presidente ucraniano, se mostrou cético, em pronunciamento hoje. “Como sempre, realmente não acredito no resultado da reunião, mas deixe que tentem”, declarou.
No domingo, Putin ordenou que as forças de dissuasão nuclear fossem colocadas em alerta máximo. O governo dos Estados Unidos classificou a ordem de Putin como “totalmente inaceitável” e o secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Jens Stoltenberg, chamou a atitude de Moscou de “irresponsável”.

No Twitter, Reznikov disse que soldados russos receberão anistia total e compensação monetária se aceitarem depor voluntariamente suas armas. “Aqueles de vocês que não querem se tornar um assassino e morrer podem se salvar”, escreveu.
Momento “crucial
No Twitter, Reznikov disse que soldados russos receberão anistia total e compensação monetária se aceitarem depor voluntariamente suas armas. “Aqueles de vocês que não querem se tornar um assassino e morrer podem se salvar”, escreveu. Momento “crucial”.
“Abandonem seu equipamento, saiam daqui. Não acreditem em seus comandantes, não acreditem em seus propagandistas. Apenas salvem suas vidas”, afirmou, em russo. Zelensky também quer que a UE (União Europeia) “admita urgentemente” a entrada da Ucrânia no bloco —ele assinou hoje um documento pedindo o ingresso.
Segundo a ONU, ao menos 102 civis foram mortos no conflito, que também já deixou 422 mil refugiados. O Ministério da Saúde da Ucrânia informou, nesta segunda, que mais de 2 mil civis ficaram feridos em ataques da Rússia ao país —sendo 45 crianças.
Ainda de acordo com os números oficiais do governo, 352 pessoas morreram, sendo 16 crianças.