Durante uma semana repleta de compromissos importantes, de 26 a 30 de junho, a Vara da Infância e Juventude de Cruzeiro do Sul dedicou-se às audiências concentradas na Fundação Betel. Essa instituição desempenha um papel fundamental no acolhimento de crianças e adolescentes que enfrentam momentos de vulnerabilidade. Para fortalecer essa missão, diversas entidades, incluindo o Ministério Público, a Defensoria Pública, o Conselho Tutelar, o Creas, o Cras, o Caps, uma equipe técnica multidisciplinar e servidores do Tribunal de Justiça do Acre, uniram-se nessa ação.
O principal objetivo dessas audiências concentradas foi a revisão minuciosa da situação jurídica e psicossocial de cada jovem abrigado, visando discutir em conjunto as circunstâncias específicas de cada caso. Ao todo, o juiz de Direito substituto Mateus Santini conduziu 20 audiências nesse período. O magistrado expressou a satisfação em lidar com casos tão sensíveis, destacando o quanto é gratificante resolver questões desse tipo.
As pautas abordaram tanto o presente quanto o futuro das crianças e adolescentes, com o objetivo de criar oportunidades para a reintegração familiar ou a inserção em novos lares, onde possam receber o cuidado e o amor que merecem. Armedio Rosas, membro do Conselho Tutelar de Cruzeiro do Sul, enfatizou a importância dessas audiências concentradas, ressaltando o valor de proporcionar aos jovens a chance de retornar às suas famílias ou encontrar novos lares que lhes ofereçam o apoio necessário.
O psicólogo Rafael Gandara, do Caps Nauas, elogiou o modelo de audiências concentradas, destacando a facilidade de trabalhar em conjunto com uma rede de apoio ampla. Ele ressaltou a complexidade dos casos e a necessidade de uma abordagem multidisciplinar, que envolva as instituições da comunidade local. Essa colaboração fortalece os vínculos entre os profissionais envolvidos e gera respostas mais eficientes do que as audiências convencionais.
Margarida Lessa, assistente social do Creas, reforçou a importância da proteção social, priorizando casos complexos e de extrema vulnerabilidade, nos quais os laços familiares muitas vezes foram rompidos. Por meio da atuação da rede de apoio, esses laços podem ser restabelecidos, com o principal objetivo de reintegrar as crianças e adolescentes às suas famílias e impulsionar políticas públicas para garantir um futuro saudável e feliz.
Essa iniciativa demandou uma mobilização abrangente para convocar os pais e parentes para participarem das audiências. Tânia Ramalho, coordenadora da casa de acolhimento, parabenizou a ação, ressaltando que a Fundação Betel está vivenciando uma experiência inédita em seus quase 20 anos de existência. As audiências concentradas foram realizadas no próprio local de acolhimento, envolvendo a participação da rede de atendimento, familiares e, acima de tudo, a escuta atenta dos acolhidos. Reconhecer a importância de ouvi-los e compreender suas necessidades é fundamental para orientar as decisões tomadas.